domingo, abril 08, 2007

it's hard to imagine.....



Corremos sempre atrás de algo maior, algo que teima em nunca chegar.. em querer sempre chegar o mais tarde possível. Parece impossível que as coisas sejam sempre assim.. mas são.
Não termos a capacidade para controlar tudo já é pena suficiente.. não ter um mínimo de sentido daquilo que ainda está ao nosso alcance torna-se numa loucura.
Chegamos sempre a qualquer lado.. a um certo ponto. Já tenho a idade para ter juízo.. a tal idade em que tudo está definido mas que ainda me permite escapar subtilmente aos excessos. O tempo em que pensamos se tudo o que ficou para trás fez de nós alguém melhor.. se fizemos tudo no tempo certo ou qual a quantidade de projectos que iremos arrastar pelo resto dos anos sempre atrás da orelha, sempre como aquilo que poderia ter sido mas que nunca foi.. porque deixamos que assim fosse, porque o tempo não permitiu, porque não tivemos vontade, porque não fomos nem grandes nem fortes o suficiente.
Já não há tempo para isso.
As coisas já não se resumem ao simples acto de escrever um livro, plantar uma árvore e ter um filho. Isso é pouco.. não satisfaz. Queremos possuir, ter vidas preenchidas, chegar até alguém, não sermos esquecidos, não, isso nunca pode ser, temos que marcar a nossa passagem.. uma árvore não chega, tem que ser um pinhal, uma floresta.. um livro é insuficiente, no mínimo uma trilogia.. e já não sobra tempo para os filhos, até porque não sabemos que Terra é que lhes vamos deixar nem queremos que sejam novos elementos para as novas gerações tão despegadas de tudo porque já não têm nada a conquistar ou a libertar.
A indefinição.. querer saber se este ofício é o correcto para mim.. se existe algum lugar para os projectos que nunca irão sair da prateleira.. se existe talento.. se é possível fabricar um talento.
Ver tudo a acontecer mesmo à nossa frente e não conseguir tocar em nada. Ter a noção que ninguém sabe quem és, que nunca ninguém vai querer saber porque é mesmo assim que tem que ser. Imaginem que todos nós éramos alguém? não restava nada.. não podia restar. Alguns têm que ser o que são e outros têm que ser nada.. têm que ser os comuns e mesmo assim serem importantes para a ordem geral.
Sair a pé por ruas que já não conheço, que já não me dizem nada.. que se transfiguraram para algo que já é irrecuperável. É assim que tem que ser.. quando se parte, tudo o que fica para trás continua a crescer, não fica à espera.. não pode.
E se às vezes só apetece recomeçar, outras temos a noção que não poderíamos ser mais do que já somos.. para quê?
"Write a book about yourself?", they say.. well, what do they know about me that's so book worthy? what do they know about anything?
Não resta nada.. só esperar.. continuar.. não exigir, isso nunca.
boa noite..
Aquilo a que assisto é real e não é possível.

quinta-feira, abril 05, 2007

everything in it's right place....


De regresso a Portugal e ao meu domicílio.. e agora? bem, agora nada.
Tudo continua igual.. as mesmas pessoas a fazerem o que sempre fizeram.. os mesmos lugares.. e de repente, tudo se torna pequeno demais para ser ignorado.
Pisar território luso não teve o mesmo gosto.. sair do aeroporto e de repente conseguir perceber o que todas as pessoas diziam foi estranho, o frio foi um golpe nos ossos.. voltar a ver ruas com espaço e carros a pararem nas passadeiras, não saber bem para que lado olhar para atravessar a estrada.... julgo que senti todos os clichés que se possam imaginar depois de seis meses do outro lado do mundo.
Depois de quatro dias em Lx regresso ao Porto. A cidade mantém o seu brilho, as pessoas continuam a falar alto e a dizer dez caralhadas em cada frase e os gunas continuam os mesmos, sempre com os seus bonés e brincos com brilhantes, sempre prontos para aterrorizar o próximo com as suas provas de masculinidade exacerbada.. é a minha cidade, sempre foi assim e julgo que sempre será.. mesmo assim, continua a ter um encanto impossível de ignorar e que nos faz gostar tanto disto.
No entanto, confesso que o primeiro instinto foi querer fugir, voltar para trás.. desviar o avião da KLM e as hospedeiras (deixar os hospedeiros em terra porque aquilo não é profissão para nenhum homem!) e obrigá-los a deixar-me em Macau de novo. Mas não pode ser. É preciso encarar as coisas, saber que não há volta a dar e que pelo menos por uns dias vou ter mesmo que viver por aqui.. mesmo que este sitio seja o mais parecido que existe no planeta com um buraco inter-dimensional que suga a vida de tudo o que o rodeia... quanto mais tempo aqui se passa, mais estúpido se fica...
Assim seja.
O importante é que o avião não caiu e consegui chegar.
Próximo passo é fazer o raio do currículo e enviá-lo.............. sim, enviá-lo.........